- Disco
- Pop
- Rock
- Rock Nacional
Você clica o play no trabalho do Anabella 78 e em segundos tudo faz sentido, tudo se encaixa. Pode fazer o teste. Pega a primeira música, que já ganhou clipe, “A Escolha”. Estão ali o riff de guitarra contagiante, a cozinha baixo e bateria segurando o ritmo retos e o texto caprichado. Eles fazem com que tudo pareça muito fácil. Mas para se chegar a essa química é preciso bagagem, o que eles trazem de sobra para este primeiro trabalho.
O núcleo é formado pelo trio Detu Peace, no vocal e guitarra, Mark, no baixo, e Poco, na bateria. Tem ainda Márcio Medeiros no teclado. Detu e Mark se conhecem e tocam juntos desde 1985. Passaram por tudo – começaram no K7 e vinil, foram para o CD, MP3 e ganharam cancha nos palcos de bares de São Paulo.
Sempre flutuaram pelo classic rock, mas com tanta estrada e afinação auditiva, foram experimentando dentro das próprias composições, até chegar por volta de 2007 ao Anabella 78.
As quatro canções do EP refletem isso. Foram compostas, buriladas e maturadas no tempo certo até chegarem aos ouvidos de Rick Bonadio, por meio de um CD demo quando ele era jurado da primeira temporada do X-Factor Brasil – entregue pela empresária do grupo.
Tudo o que foi escrito no começo deste texto Rick, a quem igualmente não falta bagagem e audição apurada, reconheceu. E decidiram trabalhar juntos.
É rock, é pop, é o ritmo tão palatável quanto saboroso mas um ingrediente nada secreto faz bela diferença na receita final – o apuro com as letras.
O principal compositor, Detu, cresceu escutando e lendo seus ídolos, como Jim Morrison, no the Doors, Bono, no U2. Isso faz com que o trabalho traga questões verdadeiras também no texto e não futilidades de preenchimento vocal sobre melodias.
“A Escolha”, a música já referida do clipe, é um power pop crocante, com trabalho de guitarra, principalmente, primoroso.
Aí, conforme já comentado sobre a bagagem e direcionamentos mais amplos dentro do que se convenciona chamar “rock”, vem um acento James Brown de guitarra mais limpa e funkeada em “A Primeira Vez”.
“Descendo a Ladeira” dá quase para encaixar na categoria samba-rock, com toque característico de música brasileira. E o grupo segue para um hard rock a galope de riff de guitarra, “Concretos de Isopor”.
É quando você se pergunta sobre o trecho “Concretos de Isopor/Fragmentos de um grande amor(...)” e decide colocar todas para rodarem novamente e prestar atenção em outros elementos das músicas, letras, arranjos, dinâmica.
Pois é, parece simples, mas não é. É preciso bagagem e repertório para fazer o tal simples ser tão de bom gosto na arte.